Esqueça a balela dos espasmos. Desde muito cedo, os recém-nascidos já se comunicam por meio do riso
Minha memória foi uma das capacidades que mais ficou comprometida durante todo o tempo em que amamentei. Agora, quase seis meses depois, ela começa a voltar ao normal. Apesar das lacunas nas lembranças, guardo algumas cenas que vivi nessa época com muita clareza. Uma delas é a da primeira noite da Valentina aqui em casa. Foi um caos, como era de se esperar. Coloquei a mocinha para dormir no carrinho ao lado da minha cama. Amarrei a almofada de amamentação nas manoplas para o caso de precisar delas durante a madrugada. (Precisar, não precisava, mas é lógico que eu precisei uma porção de vezes. E também é lógico que, a cada vez que eu tentava ajeitar o treco no carrinho depois da mamada, acabava acordando minha filha… Aff! Bem que eu poderia ter esquecido dessa parte.) Bom, numas dessas infernais idas e vindas, tomei um susto. Depois de mamar, a Valentina estava embalando no sono nos meus braços quando, do nada, abriu os olhos, virou o rostinho para mim e deu um sorriso. Por um instante, achei que fosse alucinação. Aí, veio um medo de que meu bebê estivesse possuído (como a gente pensa besteira nessas horas!!!). E, então, me acalmei pensando que não era nada disso, era apenas um espasmo. Porque, afinal de contas, como eu escuto desde pequena, recém-nascidos não sorriem, só têm espasmo.
Contei essa história aqui para dizer que, recentemente, depois de uma entrevista com o neuropediatra José Salomão Schawartzman, descobri que eu estava completamente errada. Horas depois de nascer, os bebês já podem sorrir. Isso se estiverem absolutamente confortáveis: alimentados, quentinhos e sem nenhuma dor. A feição é pura expressão de prazer. Nhó… E eu pensando que minha pequenininha estivesse possuída… O doutor Schwartzman me explicou ainda que o sorriso e o contato visual são ótimos indícios de que a capacidade cognitiva da criança é boa. Quem não sorri e não olha nos olhos dos pais e familiares até os dois meses pode ser vítima de algum prejuízo intelectual, como o autismo. Pois é.
Está feliz porque seu bebê ri à beça? Então comemore a cada chorinho dele também. Não, eu não estou louca. Se o sorriso é sinal de satisfação, durante muito tempo, o choro será a única estratégia que seu filho terá para dizer que algo está errado. Pode ser dor de barriga, pode ser frio, fome, sono ou uma meia enrolada. Mas o fato de que ele chora significa que ele está indo bem no quesito comunicação. O próximo passo é identificar o motivo do choro e resolver o problema. Calma… em pouco tempo (pouco, sim, acreditem, moças insones que carregam recém-nascidos nos braços), você saberá exatamente o que está fazendo seu bebê berrar. Nem sempre saberá aplacar o desconforto dele, mas garanto que um bom colo e uma pitada de força ajudarão o pequeno a passar pelas amarguras da vida. Unhé!